Hebreus é um dos livros mais fascinantes de toda a Bíblia e nos conduz a crer que a missão da Igreja está fundamentada em Cristo. Este livro fortemente cristocêntrico apresenta Jesus logo no primeiro capítulo como O resplendor da glória, Herdeiro de todas as coisas, Sustentador do universo, Purificador de pecados, Majestoso e Superior aos anjos.
Inicia com dois versos que falam que Deus havia outrora falado e que hoje o faz através do seu Filho, Jesus Cristo, expondo que a fé cristã não é apenas um aglomerado de informações históricas mas é para hoje, nossos dias, nosso tempo.
Um dos principais temas deste livro é a fé. Enquanto a fé crê no invisível a superstição crê no inexistente. No capítulo 11 encontramos a galeria dos heróis da fé, aqueles que traduziram o conhecimento de Deus para a vida com Deus.
Se estamos sem direção nos lembramos de Abraão que saiu sem saber para onde ir, mas na dependência de Deus seguiu para a terra prometida. Se estamos no fim da vida nos lembramos de Jacó, que terminou seus dias prostrado em seu cajado, adorando ao Senhor. Se temos grande responsabilidade sobre nós lembramos de Moisés conduzindo uma nação inteira durante 40 anos de peregrinação por um deserto. Se somos discriminados lembramos de Raabe que era uma prostituta mas foi escolhida por Deus para ser da linhagem de Davi. A fé é transformadora e consoladora, fundamentada em um Deus que controla o incontrolável.
Hebreus afirma que eles creram, portanto, obedeceram. Assim nos apresenta uma fé não utilitária, fundamentada nos desejos humanos, mas sim obediente, fundamentada nos desejos de Deus. Não é manipulada pelo homem mas sim um instrumento para que o homem seja usado por Deus. Desta forma Hebreus nos fala que pela fé ruíram as muralhas de Jericó, subjugaram reinos, obtiveram promessas, fecharam bocas de leões, mulheres receberam pela ressurreição os seus mortos. Esta fé nos ensina que o impossível pode, a qualquer momento, acontecer, se o Senhor assim desejar.
Há, porém, o outro lado das ações fundamentadas na fé, pois Hebreus nos diz que estes que creram, possuidores de fé,foram torturados, passaram pela prova de açoites, foram apedrejados, provados, serrados pelo meio, mortos ao fio da espada, andaram peregrinos. É a fé que nos prepara para continuar crendo mesmo no vale da sombra da morte. Uma fé que não apenas produz resultados mas prepara o cristão para passar pelo vale do sofrimento sem deixar de crer.
Hebreus nos diz também que somos estrangeiros e peregrinos. Refere-se àqueles que estão de passagem pela terra e nos lembra que não é aqui que devemos guardar nossos mais preciosos investimentos, que os bens desta terra são transitórios, que a eternidade nos aguarda. Ajuntemos tesouros nos céus.
Fé e fidelidade não são apenas termos etimologicamente próximos. Seus conceitos na Palavra caminham de mãos dadas. Devemos, portanto, crer para a fidelidade e não apenas para nosso contentamento. Abraão, que creu, saiu de sua terra sem saber para onde ir . Obedeceu. Uma igreja que crê é uma igreja que sai para mostrar Jesus ao mundo, que nega a si mesma, seus interesses e tesouros transitórios para investir na eternidade, que não deseja ser honrada na terra mas sim ser sal da terra. Crer é confiar, mas não apenas isto. É também permanecer no caminho e obedecer.
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